terça-feira, 24 de março de 2009

Escuto imóvel

A casa está vazia. Não se houve um susurro, apenas uma leve melodia vinda do rés do chão, três andares a baixo rompe furiosa e leve por ente aquele silêncio de morte. Não conheço a musica e no entanto é como se fizesse mais parte de mim que eu própria. Nada mais se houve. Nada mais se escuta. Nada mais existe. Pois a casa está vazia, e sentada no chão da sala escuto, nem atenta nem sem desviar a atenção, aquela música. Não tento saber que musica é. Não procuro saber de onde vem ao certo. Não procuro escutá-la com maior nitidez. Não vou ao seu encontro. Deixo apenas que ela venha ao meu. Por entre portas e paredes. Janelas e fechaduras. Passando corpos humanas e as suas vozes. Vem calma, seguindo o seu caminho até mim. Distorcida por todos e melodiosa por si mesma. Por uma vez, limito-me a estar quieta, imóvel, mas não espectante, aconchegada no chão da minha sala. Sem correr. Sem tentar. Deixando que ela se mova por mim.
Escuto. Não sei ao certo se te trata de uma música ou da simples junção dos sons que alguém permitiu que entrassem nesta divisão. Mas o que isso interessa? Veio. Veio até mim. Não procuro entender os motivos, apenas gosto, e escuto. Porque se ela veio até mim, é porque de certa forma eu fui até ela.

Sem comentários:

Enviar um comentário