terça-feira, 24 de março de 2009

Relva fresca

Chove!
Chove torrencialmente!
Chove como se apenas hoje tivesse chovido. Hoje e sempre. Toda a vida sem intervalo, começando esta madrugada.
Chove!
Hoje choveu!
Eu sei que hoje choveu. Não ouvi. Não vi. Estava lá mas não senti.
Como sei que choveu? A relva está molhada. Sinto nos pés a terra fresca e quente. Molhada. Viva. E no entanto abalada. Lavada em lágrimas. Grandiosa, porém pequena. Pequenina, infima quando algo dos céus se abate sobre ela. Grande, poderosa, cobiçada e fertil. Mas pequena, leve e acanhada. Desamparada. E no entanto. Fresca. Boa. Viva. Sim viva. Quando a sinto nos pés.
Porque após a tempestade vem a bonança, por muito que se nao entenda a tempestade, notaremos quando chegar a bonança.
Porque choveu!
Eu sei que choveu!
Não ouvi!
Não vi!
Mas choveu. Algo em mim diz que choveu! E algures nesse mundo. Quem sabe, no final da rua. Chove. E alguém vai colocar os pés no chão e saber que chove. Alguém vai ouvir e sentir a chuva na cara, nas mãos frias. Alguém vai cair na lama e ver o sol mais sujo.
Alguém. Algueres. Vai sentir a chuva. Perto ou longe. Agora ou mais tarde.
Mas aqui não chove.
Quem sabe o tempo que faz para onde vou.

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